sexta-feira, 13 de julho de 2018

Melhor Idade: vale à pena repetir o post!!!

Coordenação de Cursos na Melhor Idade: um outro olhar sobre a programação pedagógica!
Entrevista por Élide Soul

A pessoa idosa concentra suas atividades em locais mais próximos à residência. E, como estamos localizados em um bairro em Santo André onde, teoricamente, as pessoas tem uma condição financeira menor do que pessoas que moram em outros bairros ou mesmo na parte central da cidade, adequamos essa realidade ao nosso curso. Houve um período em que a faculdade, por decisão da direção, se tornou gratuita, tentando fazer um trabalho com a comunidade. Nesta época houve um boom do nosso curso, pois tínhamos em junho, em média 34 alunos e, quando abrimos as inscrições para o mês de agosto, tínhamos 160. E os números só cresceram; atualmente são 210 alunos. De um lado foi maravilhoso mas de outro, assustador, tamanha responsabilidade que passamos a ter.
Hoje o curso é pago, já há dois anos, mas é um pagamento que se torna simbólico; justo para pagar a estrutura do curso pois a nossa prioridade é a pessoa. E há uma preocupação constante, como passeios por exemplo: só aprovamos programações que possam ter a participação de todos; não queremos organizar passeios que acabem privilegiando este ou aquele.
É uma corda bamba onde nos equilibramos diariamente, pois temos um grupo heterogêneo em informação, idade e recursos econômicos. Mas o que sempre tentamos é fazer com que a pessoa não fique constrangida pois a maioria tem um ponto em comum: a perda de pessoas queridas, de restrições com a saúde, etc. Então, estar aqui é um marco para a vida deles.
E a nossa parte é estimular esta pessoa de forma positiva, para ela poder perceber outras possibilidades para tal momento da vida.
Desde o inicio, uma outra preocupação nossa é referente ao quadro de professores: temos professores que são mestres, doutores e estão trabalhando por amor. Mas tem alguns que não se adaptam à proposta do curso, pois não acontece uma afinidade do profissional com este grupo.
Em nossas reuniões, sempre orientamos o corpo docente que o conteúdo está em segundo plano; em primeiro, sempre o nosso aluno. O foco é ele, o carinho é para ele, a atenção é para ele; se o conteúdo programado no inicio do semestre não for atingido, não tem problema, porque o que se perde da programação pedagógica, neste grupo, se ganha em experiência, em aprendizado e em carinho. Se terminarmos um módulo com alunos com “gostinho de quero mais”, o nosso trabalho atingiu às expectativas.
Há um aspecto muito antagônico em relação à nossa formação: Educação Física lida com vida, com energia, saúde e não com a morte; se tivéssemos uma formação médica, talvez estivéssemos mais  habituados à morte. E este é uma lado que tentamos administrar: o falecimento de alunos.  À cada ano, perdemos dois, três alunos. Não são simplesmente alunos, são pessoas que fazem parte do nosso dia a dia, por anos a fio. E nem sempre os perdemos com idades tão avançadas; voltam de férias e nos avisam que tal pessoa faleceu.
Gostamos tanto do que fazemos que sempre comentamos:  “um dia vamos nos aposentar para fazer parte desta aula!”Não ocupamos o cargo apenas pela profissão ou pelo salário; há a vontade de fazer a diferença e atingir os objetivos delineados em cada inicio de ano.
Fazer este trabalho não é obrigação é opção; é abraçar uma causa, com amor, com boa vontade, em cada dia, em cada atividade, um olhar de forma diferenciada, com total respeito às suas limitações, experiências, carências e necessidades. “Não atuamos com máquinas e sim com seres humanos.
Na medida do possível, demonstramos que sentimos falta deste ou daquele que esteve ausente; um abraço aqui, outro ali, mostrar a eles que nos importamos e que estamos aqui, por eles.
Deixá-los ser o que realmente são, sem os estereótipos construídos por uma vida inteira.
Tudo isto faz parte da nossa maneira de coordenar este curso voltado à terceira idade.
E estamos sempre buscando novos desafios, como acontecerá em 2013; mesmo com alguns pontos de interrogação, o que vale é inovar, na busca de aprimorar um trabalho que tem feito tamanha diferença no dia a dia dos idosos.
“Nossos alunos passam a ser multiplicadores, tanto da informação quanto para nos trazer outros alunos a conhecer o curso”.

Coordenadora:                        Profª Ms. Marilene Bombana
Assistente de coordenação:      Profª Anselma Brentegani Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário