Coordenação de Cursos na Melhor Idade: um outro olhar
sobre a programação pedagógica!
Entrevista por Élide Soul
A pessoa idosa concentra suas
atividades em locais mais próximos à residência. E, como estamos localizados em
um bairro em Santo André onde, teoricamente, as pessoas tem uma condição
financeira menor do que pessoas que moram em outros bairros ou mesmo na parte
central da cidade, adequamos essa realidade ao nosso curso. Houve um período em
que a faculdade, por decisão da direção, se tornou gratuita, tentando fazer um
trabalho com a comunidade. Nesta época houve um boom do nosso curso, pois
tínhamos em junho, em média 34 alunos e, quando abrimos as inscrições para o
mês de agosto, tínhamos 160. E os números só cresceram; atualmente são 210
alunos. De um lado foi maravilhoso mas de outro, assustador, tamanha
responsabilidade que passamos a ter.
Hoje o curso é pago, já há dois
anos, mas é um pagamento que se torna simbólico; justo para pagar a estrutura
do curso pois a nossa prioridade é a pessoa. E há uma preocupação constante,
como passeios por exemplo: só aprovamos programações que possam ter a
participação de todos; não queremos organizar passeios que acabem privilegiando
este ou aquele.
É uma corda bamba onde nos
equilibramos diariamente, pois temos um grupo heterogêneo em informação, idade
e recursos econômicos. Mas o que sempre tentamos é fazer com que a pessoa não
fique constrangida pois a maioria tem um ponto em comum: a perda de pessoas
queridas, de restrições com a saúde, etc. Então, estar aqui é um marco para a vida
deles.
E a nossa parte é estimular esta
pessoa de forma positiva, para ela poder perceber outras possibilidades para
tal momento da vida.
Desde o inicio, uma outra
preocupação nossa é referente ao quadro de professores: temos professores que
são mestres, doutores e estão trabalhando por amor. Mas tem alguns que não se
adaptam à proposta do curso, pois não acontece uma afinidade do profissional
com este grupo.
Em nossas reuniões, sempre
orientamos o corpo docente que o conteúdo está em segundo plano; em primeiro,
sempre o nosso aluno. O foco é ele, o carinho é para ele, a atenção é para ele;
se o conteúdo programado no inicio do semestre não for atingido, não tem
problema, porque o que se perde da programação pedagógica, neste grupo, se
ganha em experiência, em aprendizado e em carinho. Se terminarmos um módulo com
alunos com “gostinho de quero mais”, o nosso trabalho atingiu às expectativas.
Há um aspecto muito antagônico em
relação à nossa formação: Educação Física lida com vida, com energia, saúde e
não com a morte; se tivéssemos uma formação médica, talvez estivéssemos
mais habituados à morte. E este é uma
lado que tentamos administrar: o falecimento de alunos. À cada ano, perdemos dois, três alunos. Não
são simplesmente alunos, são pessoas que fazem parte do nosso dia a dia, por
anos a fio. E nem sempre os perdemos com idades tão avançadas; voltam de férias
e nos avisam que tal pessoa faleceu.
Gostamos tanto do que fazemos que
sempre comentamos: “um dia vamos nos
aposentar para fazer parte desta aula!”Não ocupamos o cargo apenas pela
profissão ou pelo salário; há a vontade de fazer a diferença e atingir os
objetivos delineados em cada inicio de ano.
Fazer este trabalho não é
obrigação é opção; é abraçar uma causa, com amor, com boa vontade, em cada dia,
em cada atividade, um olhar de forma diferenciada, com total respeito às suas
limitações, experiências, carências e necessidades. “Não atuamos com máquinas e
sim com seres humanos.
Na medida do possível,
demonstramos que sentimos falta deste ou daquele que esteve ausente; um abraço
aqui, outro ali, mostrar a eles que nos importamos e que estamos aqui, por
eles.
Deixá-los ser o que realmente
são, sem os estereótipos construídos por uma vida inteira.
Tudo isto faz parte da nossa
maneira de coordenar este curso voltado à terceira idade.
E estamos sempre buscando novos
desafios, como acontecerá em 2013; mesmo com alguns pontos de interrogação, o
que vale é inovar, na busca de aprimorar um trabalho que tem feito tamanha
diferença no dia a dia dos idosos.
“Nossos alunos passam a ser
multiplicadores, tanto da informação quanto para nos trazer outros alunos a
conhecer o curso”.
Coordenadora: Profª Ms.
Marilene Bombana
Assistente de coordenação: Profª Anselma Brentegani Santos
Assistente de coordenação: Profª Anselma Brentegani Santos
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