NO DIA DA DANÇA, UMA CRÔNICA DA VIDA REAL...
Não sei que sintonia era esta, mas a música sempre era a melhor das linguagens.
Não sei que sintonia era esta, mas a música sempre era a melhor das linguagens.
E ela não tinha preferências enquanto pequena: gostava de cantar, dançar ou simplesmente escutar a música.
Se encantava com cada acorde e sempre prestava atenção em cada som, em cada compasso.
Tá certo que, através da dança, ela se sentia com a liberdade de uma borboleta....e não se importava com quem a olhasse; afinal, era criança e a expressão corporal ainda era vista com inocência.
Não havia a sensualidade das danças atuais, como o funk por exemplo; era simplesmente dança e pronto. E ela não perdia uma só oportunidade de se expressar através da música.
Seus pais comentavam, que quando viajavam de trem, para o interior do estado onde moravam seus familiares, sua maior alegria era perceber alguém que estivesse com um violão à tiracolo pois teria certeza de que a musica estaria presente.
E ela sempre se rendia à música; cantando ou dançando, sempre despertava a atenção de todos; era uma criança feliz, com um sorriso encantador: aberto...franco....inocente....uma borboletinha dançarina...
E ela sempre se rendia à música; cantando ou dançando, sempre despertava a atenção de todos; era uma criança feliz, com um sorriso encantador: aberto...franco....inocente....uma borboletinha dançarina...
Junto às suas primas no interior do estado, ela era um misto de alegria e criatividade, pois prestava atenção à cada coreografia que a televisão lhe mostrava e sempre chegava com novidades da capital, tornando-se o centro das atenções dos que queriam aprender a dançar daquele jeitinho.
E como era filha única, sempre reunia os vizinhos em casa para coreografá-los e, na primeira oportunidade, convidava as famílias para assistir a apresentação teatral. Ela adorava produções pois sua imaginação sempre corria solta....
Muitos diziam que ela era uma sonhadora...
Que bom... com o passar dos anos, foram exatamente estes sonhos que alimentaram qualquer linha tênue entre uma dura realidade e o que a sua alma mais desejava...mesmo não tendo a possibilidade de realizar, vivenciar....
E como era filha única, sempre reunia os vizinhos em casa para coreografá-los e, na primeira oportunidade, convidava as famílias para assistir a apresentação teatral. Ela adorava produções pois sua imaginação sempre corria solta....
Muitos diziam que ela era uma sonhadora...
Que bom... com o passar dos anos, foram exatamente estes sonhos que alimentaram qualquer linha tênue entre uma dura realidade e o que a sua alma mais desejava...mesmo não tendo a possibilidade de realizar, vivenciar....
E os anos se passaram, e esta afinidade com a musicalidade nunca se perdeu; muito pelo contrário: sempre encontrou um tempo para se entregar à sua maior paixão.... a dança.
Se tornou adulta, e dançava...
Se tornou mãe...e continuou dançando....só parou de se apresentar, porque o seu marido era muito ciumento e não conseguia entender essa sua ligação com a musica, sem malícia alguma...apenas paixão!!!
E mesmo assim a paixão pela dança nunca deixou de existir...
E ela sempre dava um jeitinho de dançar, nem que fosse em brincadeira com seus filhos, no clube, na academia....mas a alma dela necessitava dançar!!!
E até teve uma menina, de tanto que sonhava em continuar na dança, através da filha....
E conseguiu: sua filha respirava música e dança, desde pequena...como ela....
E mesmo assim a paixão pela dança nunca deixou de existir...
E ela sempre dava um jeitinho de dançar, nem que fosse em brincadeira com seus filhos, no clube, na academia....mas a alma dela necessitava dançar!!!
E até teve uma menina, de tanto que sonhava em continuar na dança, através da filha....
E conseguiu: sua filha respirava música e dança, desde pequena...como ela....
E outros tantos anos se passaram, o casamento acabou, os filhos cresceram e a primeira opção feita foi voltar para a dança, enfim, soltar sua alma que há tanto tempo se sentia tão presa.
E com filhos bem maiores, por alguns anos, esta foi a sua prioridade: dançava, dançava e dançava.
Conhecendo pessoas diferentes, teve a oportunidade de aprender novos ritmos e realmente ser reverenciada pelas pistas por onde passasse. Neste momento sua paixão passou a ser a dança de salão....
Pensavam até que ela vivia da dança.....mas a dança que a fazia se sentir viva!...e ela se sentia muito orgulhosa...era o alimento que a sua lama necessitava...o combustível para dias não mais tão fáceis de serem vividos....
Pensavam até que ela vivia da dança.....mas a dança que a fazia se sentir viva!...e ela se sentia muito orgulhosa...era o alimento que a sua lama necessitava...o combustível para dias não mais tão fáceis de serem vividos....
É claro que a vida havia mudado muito, novos compromissos e até mesmo uma nova postura, pois agora, por mais independente que se tornara, estava sozinha para se manter e a atuação profissional que, no passado era facultativa, agora se fazia necessária.
Infelizmente, por mais que tentasse administrar esta nova etapa da vida, as mágoas e marcas foram, à cada dia, se tornando mais presentes e uma depressão se instalou de forma contundente.
Toda aquela alegria, que para quem não olhasse nos detalhes, jamais perceberia ter sido diluída, já estava submersa em meio a tantas tristezas e lágrimas.... e não houve ninguém de fato que a percebesse necessitada de cuidados, de atenção e de proteção.
Não se animava mais, nem com a dança, nem com a música....
Não se animava mais, nem com a dança, nem com a música....
E aquele estado depressivo, a baixa autoestima e a total desconexão com a presença do amor e da cumplicidade em sua vida, a levou a sofreu um acidente: uma queda, que preferiu compará-la à um voo de uma borboleta dançarina, com partida há cinco metros de altura....
E o primeiro diagnóstico: paraplegia, em função de uma fratura na coluna lombar.
E o primeiro diagnóstico: paraplegia, em função de uma fratura na coluna lombar.
Quatro dias desacordada em estado de choque em uma U.T.I, duas cirurgias, coluna lombar e tornozelo esquerdo totalmente refeito.... e cada vez mais a dança sendo vista apenas como uma distante lembrança.
Distante lembrança??? ....qualquer coisa, menos uma distante lembrança.....
Isso mesmo, aquele diagnóstico era da medicina e jamais dela; por que ela teria que aceitar isso como definitivo?
E por mais inédito que fosse para aquela borboletinha dançante estar 30 dias em um hospital, sem poder se mexer sozinha e de forma alguma sair da cama, a alegria que as lembranças lhe traziam à mente, foi o combustível que ela usou, internamente, para atingir a maior meta que teve em toda a sua vida: voltar a dançar!!!!
Isso mesmo, ela não se contentou quando o médico lhe disse que aos poucos voltaria a andar, com a ajuda de uma muleta ou mesmo bengala: ela retrucou afirmando que voltaria a dançar e de salto alto; só andar era muito pouco!!!!
É claro que a equipe médica não dava muita atenção aos comentários daquela mulher ousada.... mas para ela, fazia muito sentido!!!!
E realmente fez!!!!
E realmente fez!!!!
Ela pensava: " quando entrou no centro cirúrgico, para a primeira cirurgia após o acidente, que seria da coluna lombar, o médico havia adiantado aos filhos que provavelmente, ao voltar da cirurgia, passaria um tempo sem sentir os membros inferiores (pernas).
Mas, quando acordou na U.T.I, horas após a cirurgia, o médico que estava ao seu lado, tocou uma das pernas e ela conseguiu perceber que a mão do médico estava muito fria.
E claro que a sequência deste momento foi uma sequência de testes feitos pelo médico, que além de muito emocionado, não conseguia acreditar e entender o como aquela mulher estava sentindo suas mãos frias, pois foram retirados fragmentos da vértebra, na medula...e isso já era suficiente para não haver percepção dos membros inferiores. E era exatamente o contrário que estava acontecendo.
Mas, quando acordou na U.T.I, horas após a cirurgia, o médico que estava ao seu lado, tocou uma das pernas e ela conseguiu perceber que a mão do médico estava muito fria.
E claro que a sequência deste momento foi uma sequência de testes feitos pelo médico, que além de muito emocionado, não conseguia acreditar e entender o como aquela mulher estava sentindo suas mãos frias, pois foram retirados fragmentos da vértebra, na medula...e isso já era suficiente para não haver percepção dos membros inferiores. E era exatamente o contrário que estava acontecendo.
E, desde então, ela jamais se rendeu.
Não foi nada fácil passar quase seis meses em uma cama.
Chorou muito, passou dias e dias sozinha naquele quarto, com os cuidados alternados da mãe e dos filhos que proporcionavam tudo o que ela necessitava, além da enfermeira que a atendia diariamente, após ter recebido alta hospitalar.
O cabelo foi cortado para facilitar os cuidados de higienização; suas pernas atrofiaram a ponto de ficarem tão finas quanto seus braços; e ela só lembrava do prazer que sentia ao dançar...
E não deixava de seguir à risca o que os médicos a orientavam.
A fisioterapia passiva começou na primeira semana após a cirurgia e o amor e a paciência daquelas profissionais eram imensos; era muito mais que profissionais, eram mensageiras do amor divino!
E como ela precisava se sentir amada.....
Não foi nada fácil passar quase seis meses em uma cama.
Chorou muito, passou dias e dias sozinha naquele quarto, com os cuidados alternados da mãe e dos filhos que proporcionavam tudo o que ela necessitava, além da enfermeira que a atendia diariamente, após ter recebido alta hospitalar.
O cabelo foi cortado para facilitar os cuidados de higienização; suas pernas atrofiaram a ponto de ficarem tão finas quanto seus braços; e ela só lembrava do prazer que sentia ao dançar...
E não deixava de seguir à risca o que os médicos a orientavam.
A fisioterapia passiva começou na primeira semana após a cirurgia e o amor e a paciência daquelas profissionais eram imensos; era muito mais que profissionais, eram mensageiras do amor divino!
E como ela precisava se sentir amada.....
Até que chegou o momento de usar colete para reaprender a sentar, cadeira de rodas, reaprender a andar, muletas, bengalas e a rua enfim...fisioterapia diariamente, dentro e fora de casa.
Pelo que havia passado, nunca reclamou efetivamente de dor; até neste ponto havia uma proteção divina.
E os fisioterapeutas que a acompanhavam, aproveitavam a sua paixão pela musica e dança, para introduzirem exercícios com base em passos de dança...e ela se sentia muito motivada desta forma...tinha até um exercício baseado na salsa....ehehe
E o tempo foi passando...e ela não cansava de questionar aos médicos, sobre sua volta às pistas de dança de salão....
Até que este dia chegou.... oito meses após seu acidente, foi liberada para voltar a dançar....e onze meses após aquele dia divisor de águas, exatamente no Natal, ela usou pela primeira vez, um sapato de salto alto...
Dá para imaginar a satisfação que esta borboletinha sentiu no primeiro momento em que pode dançar em uma pista de dança? Dançou bolero, forró...até mesmo pagode e zouk.....
E lá estava ela, com um pouquinho de desconforto na coluna e no pé esquerdo...mas em total conexão com sua alma, que vibrava à cada giro na pista....
A amiga que a acompanhava, estava muito tensa, pois temia pela recuperação de cirurgias tão delicadas.... mas ao ver a alegria da amiga na pista, se limitava a observar tamanha satisfação e prazer, no simples ato de dançar....
Até que este dia chegou.... oito meses após seu acidente, foi liberada para voltar a dançar....e onze meses após aquele dia divisor de águas, exatamente no Natal, ela usou pela primeira vez, um sapato de salto alto...
Dá para imaginar a satisfação que esta borboletinha sentiu no primeiro momento em que pode dançar em uma pista de dança? Dançou bolero, forró...até mesmo pagode e zouk.....
E lá estava ela, com um pouquinho de desconforto na coluna e no pé esquerdo...mas em total conexão com sua alma, que vibrava à cada giro na pista....
A amiga que a acompanhava, estava muito tensa, pois temia pela recuperação de cirurgias tão delicadas.... mas ao ver a alegria da amiga na pista, se limitava a observar tamanha satisfação e prazer, no simples ato de dançar....
Está envolvida no desenvolvimento de um projeto que envolve a dança, mas ainda não o colocou em prática...
Mas o que realmente importa é que a dança jamais deixou de fazer parte de sua vida, muito pelo contrário: hoje, oito anos após aquele voo de cinco metros, se tiver vontade, ela dança até mesmo sozinha e dentro de casa...
Mas agora a dança tem um outro significado em sua vida: não mais apenas a conexão com a alma, mas com a vida!!!!
Mas agora a dança tem um outro significado em sua vida: não mais apenas a conexão com a alma, mas com a vida!!!!
Ela não sabe ao certo como explicar, mas descobriu uma força interna que todos nós temos e que está à nossa disposição para conquistarmos o que quer que seja em nossa vida...
Basta nos coligarmos ao canal interno chamado de força de vontade...e tudo se torna possível...só depende da nossa decisão e da nossa total entrega.
E ela segue assim....
Pode ser que esta força não se faça presente para tudo o que a vida vier lhe cobrar...
Pode ser que em determinados momentos, que nem se lembre do quanto teve que ser forte, centrada e decidida para ter superado esta fase e ter voltado a dançar; entendendo-se que para chegar à dança, houve todo um processo de reaprendizado, desde o simples sentar até mesmo o ficar em pé...
Imagine só reaprender a ter equilíbrio em uma salto alto...após ter o tornozelo fraturado e o calcâneo (calcanhar) refeito?!?
Mas o que realmente ficou de tudo isso, para esta "borboletinha dançarina", foi a descoberta e percepção desta força que se conectou internamente, para reencontrar com a maior das suas paixões e alcançar seu maior objetivo: dançar!!!
"Os anos passaram depressa demais e eu já cheguei, espero, na metade desta minha jornada....
mas se depender de mim, e da força interna que acabei por descobrir, continuarei conectada, com esta borboletinha dançante, que não me envelhece a alma, que não me desconecta da alegria e do prazer eterno em dançar....
O corpo envelhecerá....mas as minhas recordações e prazeres que levo em minhas lembranças, jamais!!!!"
Pode ser que esta força não se faça presente para tudo o que a vida vier lhe cobrar...
Pode ser que em determinados momentos, que nem se lembre do quanto teve que ser forte, centrada e decidida para ter superado esta fase e ter voltado a dançar; entendendo-se que para chegar à dança, houve todo um processo de reaprendizado, desde o simples sentar até mesmo o ficar em pé...
Imagine só reaprender a ter equilíbrio em uma salto alto...após ter o tornozelo fraturado e o calcâneo (calcanhar) refeito?!?
Mas o que realmente ficou de tudo isso, para esta "borboletinha dançarina", foi a descoberta e percepção desta força que se conectou internamente, para reencontrar com a maior das suas paixões e alcançar seu maior objetivo: dançar!!!
"Os anos passaram depressa demais e eu já cheguei, espero, na metade desta minha jornada....
mas se depender de mim, e da força interna que acabei por descobrir, continuarei conectada, com esta borboletinha dançante, que não me envelhece a alma, que não me desconecta da alegria e do prazer eterno em dançar....
O corpo envelhecerá....mas as minhas recordações e prazeres que levo em minhas lembranças, jamais!!!!"
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