Se tem um assunto em pauta no Brasil e em muitos outros países, cuja transmissão acontece de forma simultânea, são os capítulos e a trama da novela Salve Jorge.
E não podemos ignorar o quanto esta novela está contribuindo para um assunto, até então, tão pouco comentado.
A escritora, Gloria Perez, que sempre traz para a telinha, assuntos polêmicos e muitas vezes, com eminência de ser denunciados de forma mais abrangente, tem conquistado não só altos índices de audiência como o envolvimento da população brasileira, para um assunto nunca antes abordado desta forma: o tráfico humano.
E a maioria do elenco, tem se engajado de forma contundente para esta causa, participando em programas de auditório, mostrando ainda mais outros detalhes do que envolveram as pesquisas para tal ficção.
E isso se torna muito necessário nos dias de hoje, haja visto a quantidade de adolescentes que se sentem atraídas pela carreira de modelo e manequim e, muitas vezes, se iludem com propostas fictícias, vindas de pessoas inescrupulosas, onde o intuito final , muitas vezes, é a prostituição da pior forma possível: através da escravidão na prestação de serviços sórdidos e nada humanos.
Este assunto é muito sério e, no Blog do Ministério da Justiça do Brasil, blog.justica.gov.br , há informações sobre o primeiro relatório do Tráfico de Pessoas em nosso país.
E os números são alarmantes:
O estudo aponta ainda que a maior incidência do tráfico internacional de brasileiros ou brasileiras é para fins de exploração sexual. De 475 vítimas identificadas pelo Ministério das Relações Exteriores, entre os anos de 2005 e 2011 em seus consulados e embaixadas, 337 sofreram exploração sexual e 135 foram submetidas a trabalho escravo.
Os países onde mais brasileiros e brasileiras vítimas de tráfico de pessoas foram encontradas são: Suriname, Suiça, Espanha e Holanda. O país onde foi registrada uma incidência maior de brasileiras e brasileiros vítimas de tráfico de pessoas foi o Suriname (que funciona como rota para a Holanda), com 133 vítimas, seguido da Suíça com 127, da Espanha com 104 e da Holanda com 71.
De acordo com o Ministério da Saúde, as vítimas que procuram os serviços de saúde são na maioria mulheres na faixa etária entre 10 e 29 anos. Há uma maior incidência de vítimas (cerca de 25%) na faixa etária de 10 a 19 anos, de baixa escolaridade e solteiras.
“Os números desse diagnóstico não revelam tendências sobre o tráfico de pessoas no Brasil. Ou seja, ainda que haja mais ou menos registros de um ano para outro, esses números mostram somente aquilo que desaguou nos órgãos de repressão ou de atendimento às vitimas. Ainda temos um cenário de muitos dados ocultos”, explica a diretora do Departamento de Justiça da SNJ/MJ, Fernanda dos Anjos.
Outro dado inédito revelado é o número de ligações de vítimas de tráfico de pessoas recebidas pelo ligue 180 da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. Em 2011 foram 35 ligações. O disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos também recebeu 35 ligações no mesmo ano, e as unidades da rede de saúde (segundo dados do Ministério da Saúde) atenderam 80 vítimas de tráfico de pessoas.
“Esses dados revelam que geralmente a polícia é o órgão mais procurado nos casos em que a vítima tenha sofrido ameaça contra seus familiares ou agressão, e que possivelmente nos outros casos, procure a rede de assistência. Além disso, os números estão subnotificados, pois os casos de tráfico que envolvem exploração sexual podem estar sendo registrados como outros crimes sexuais, tais como o estupro, por erro de interpretação ou desconhecimento do oficial que registra o fato”, explica a consultora Alline Birol.
E, na vida real, essa conscientização acontece com muito empenho, mundo afora.
Susana Trimarco é uma das maiores ativistas contra o tráfico humano e, a luta desta argentina começou há uma década, quando sua filha de 23 anos sumiu a meio quarteirão de casa.
LIDERANÇA - Susana Trimarco em foto recente.
A busca pela filha levou-a a criar uma fundação para ajudar outras famílias
de vítimas do tráfico de pessoas na Argentina (Foto: João Pina)
Susana Trimarco tem muitas perguntas, mas todas acabam numa só: o que aconteceu com sua filha, María de los Ángeles Verón, mais conhecida na Argentina como Marita, desaparecida há uma década?
Aos 58 anos, Susana fala rápido e em tom passional sobre a filha, que tinha 23 anos quando tudo ocorreu.
Olha dentro dos olhos de sua neta, Sol Micaela, de 13 anos, e percebe a semelhança física com Marita – o cabelo escuro, os olhos oblíquos, as pálpebras pesadas, as bochechas rosadas típicas de uma adolescente.
Para ela mesma e para quem quer que a ouça, Susana pergunta: “Onde está você, mi hija, mi vida? Vou vê-la de novo algum dia?”.
A Argentina tem uma herança amarga de 14 mil desaparecidos políticos durante a ditadura, segundo dados oficiais. Desde a redemocratização, em 1983, casos de desaparecimento eram encarados como problemas pessoais da família da vítima. O tráfico de pessoas ainda não era um crime na Argentina em abril de 2002, quando Marita sumiu a meio quarteirão da casa da mãe. A prostituição era – e ainda legalizada no país. Um raciocínio amplamente aceito era que uma pessoa envolvida no mercado do sexo o fazia por opção própria. E era disso que a maioria suspeitava em relação a Marita.
TEMPOS FELIZES : Abraçada à filha,Sol Micaela, Marita posa para a foto em sua casa. Pouco depois, em abril de 2002,ela desapareceu (Foto: João Pina)–
Ao longo dos anos, essa percepção começou a mudar, muito porque Susana batalhou sem recuar um centímetro.
“Quando o assunto é tráfico de pessoas na Argentina e em toda a América Latina, há um antes e depois do caso Marita”, diz Marcelo Colombo, procurador federal e diretor da agência argentina de combate a esse crime. “As conquistas de Susana nessa área são incalculáveis.” Seus esforços lhe renderam grande reconhecimento em seu país e no exterior. Em 2007, em Washington, a ex-secretária de Estado Condoleezza Rice a presenteou com o prêmio Mulheres de Bravura. Em outubro deste ano, a presidente Cristina Kirchner recebeu Susana e Micaela em sua casa. Em abril, uma entidade argentina de advogados defendeu seu nome para o Prêmio Nobel da Paz.
Graças à persistência de Susana, a Argentina transformou o tráfico de pessoas em crime federal, em 2008. De lá para cá, mais de 3 mil vítimas foram resgatadas em operações policiais. A própria Susana já resgatou mais de 150 jovens, algumas de até 12 anos, quase sempre com um risco de morte.
“Não me importo se me matarem”, afirma. “Meu imenso amor por Marita é maior e mais forte que qualquer coisa que possam fazer contra mim.”
Ela criou a Fundação María de los Ángeles para ajudar a encontrar sequestrados por redes do tráfico.
As Nações Unidas estimam que o tráfico humano movimente mais de US$ 31 bilhões por ano.
É o segundo mais lucrativo mercado ilícito na economia global, depois do comércio de drogas.
Cerca de 2,5 milhões de pessoas são sequestradas todo ano.
Metade são crianças.
Estas informações precisam ser divulgadas....
NÃO SE CALE E NÃO DEIXE DE CONSCIENTIZAR QUEM VOCÊ AMA!
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