Ambientalistas furiosos com app que engana pássaros
A tecnologia ajuda a melhorar o mundo.
É esta a teoria que defendemos, no Green Savers, desde o primeiro dia da nossa existência, mas há limites para o que se deve fazer com a inovação e criatividade digital.
Um desses exemplos é a criação de apps que imitam o canto dos pássaros. Ainda que, à partida, inofensivas, elas estão a ser utilizadas em locais de grande biodiversidade para chamar estes pássaros, para que os visitantes os possam fotografar ou, simplesmente, ver.
De acordo com conservacionistas do Dorset Wildlife Trust, no Reino Unido, muitos visitantes da ilha de Brownsea, no sul do País, estão enganar a rica biodiversidade local com apps que confundem e enganam os pássaros.
“Se passarmos um dia a repetir gravações de canções de pássaros ou chamamentos para encorajar o pássaro a responder, só para o vermos ou fotografarmos, isso pode levá-lo a esquecer outras missões importantes, como alimentar os seus filhotes”, explicou Tony Whitehead, assessor de comunicação da RSPB.
Uma das empresas que desenvolve estas apps, a iSpiny, já revelou que está disposta a debater este problema e, inclusive, actualizou as suas apps com informações sobre as boas práticas da sua utilização.
Segundo Hilary Wilson, responsável por uma destas apps, a Chirp!, explicou ao Huffington Post que a polémica começou quando dois fotógrafos utilizaram esta app para enganar onoitibó, um pássaro nocturno e raro, e conseguir algumas fotos do animal.
A reserva natural onde esta acção decorreu ficou chocada, tendo banido a utilização de telemóveis imediatamente. “Desde o tempo das cassetes áudio que estamos a debater este assunto. Mas agora é demasiado fácil e tentador”, explicou Paul Baicich, responsável pelo livro A Guide to the Nests.
O Cornell Guide do Bird Sounds tem cerca de 4.938 sons de pássaros, que representam nove décadas de trabalho e mais de 300 recolhedores de sons, pesquisadores e arquivistas. Tem, ao todo, 735 espécies de pássaros.
São milhares de conteúdos que podem ser recriados em versão app, uma enorme biblioteca que pode pôr em causa a própria biodiversidade que, ironicamente, retrata.
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