Este é o título de uma das novelas da Rede Globo de TV, em cartaz atualmente aqui no Brasil.
E o título é totalmente pertinente aos dias de hoje, onde a maioria das pessoas se esqueceram a verdadeira essência da vida.
E no capítulo de ontem, eu me flagrei analisando um dos personagens da novela, interpretado pelo ator Matheus Solano, que nos dá um show de interpretação.
Na verdade, eu não sou uma seguidora assídua de novelas...mas, tem algumas que até gosto de acompanhar quando estou disponível...
Eu acho incrível a maneira como os autores desencadeiam as tramas de cada personagem, que acabam por contribuir em muito, para a minha maneira pessoal de interpretar o ser humano e suas variadas facetas!!!
Voltando ao Personagem "Felix", para quem não acompanha a trama, Felix é filho de uma família de classe alta, pai médico e proprietário de um hospital conceituado.
Este pai, apesar de ser referência como presidente do tal hospital, é extremamente infiel à esposa, tendo trazido uma filha, recém-nascida, fruto de um relacionamento extra conjugal, para a própria esposa cuidar.
Felix, extremamente crítico com tudo e todos, foi muito mimado e protegido pela mãe, que o ama incondicionalmente, mesmo em detrimento à sua falta de caráter ou atitudes mais exacerbadas em função de sua opção sexual: é homossexual.
E é este o ponto focal da divergência entre pai e filho: sua opção sexual.
Mas, isto não seria algo tão complicado se, aos olhos do pai, Félix não tivesse sido o responsável, mesmo sendo um bebê de colo, pelo afogamento e consequente morte do seu irmão mais velho, acredito que uns 3 anos de diferença. E aí o pai encontra todos os motivos para preterir o filho, fazendo-o crescer sem amor, carinho ou atenção paterno... e mais, sem saber que um dia teve um irmão...a história foi abafada.
Bem.... as tramas da Rede Globo são muito bem elaboradas e envolventes, com muitos detalhes que não cabe descrever neste momento.
Após ele ter sido expulso da família biológica, quando todos os seus desmandos tresloucados vieram à tona e, sem um centavo em seu bolso ou qualquer mordomia que estivesse acostumado, como carro, celular, etc, ele só conseguiu abrigo, na residência muito simples de sua então babá quando criança, que cuidava dele e do então irmão falecido e que foi responsabilizada pelo afogamento e presa na época do ocorrido.
Mas Márcia jamais esqueceu o seu menininho, mesmo após tantos anos afastados;e estava ali, de braços abertos para cuidar novamente dele.
Mas, o que realmente me chamou a atenção no capítulo de ontem, foi a sequência da cena, quando a mãe, embuída pelo espírito de Natal, resolve procurar o filho e trazê-lo novamente para morar em sua casa. Claro que Félix fica extremamente feliz com a reaproximação de sua mãe e acaba por aceitar tal pedido.
Mas, durante o período em que esteve morando na simples residência da ex babá, aprendeu a valorizar pequenos detalhes da vida, incluindo o respeito ao próximo, alimentação menos elaborada, roupas sem grife e até mesmo um trabalho como vendedor de hot dogs, opção que ojerizava em sua vida pregressa de milionário. Mas, bastou sua mãe levá-lo de volta, já nos primeiros momentos na suntuosa residencia, já sinalizava trocar todo o guarda-roupa, não queria se alimentar com lanches e também soltou seu costumeiro humor negro, atacando familiares, como a avó materna.
Tudo bem...estamos narrando uma situação fictícia, encenada em uma novela televisiva....
Mas, eis aqui minhas costumeiras conjecturas....
Será que não conhecemos nenhum Félix... será que nenhuma destas situações fez ou faz parte de nossas vidas ou de alguém que conheçamos?
Será que nunca omitiram ou mentiram para nós, a respeito de algo que pudesse ter sido diferente em nossas vidas... ou na vida de alguém que conhecemos?
Será que não recebemos menos amor, menos atenção do que poderíamos ter recebido pela errônea interpretação deste ou daquele em relação a nós... ou mesmo em relação a alguém que conhecemos?
Será que fomos tão mimados e protegidos que perdemos a nossa identidade, a nossa referência a ponto de nos tornarmos insensíveis em relação ao outro?
.........
Eu poderia continuar aqui, dentre muitos questionamentos.....
Mas só tem um para finalizar: qual é o tipo de amor que recebemos enquanto estávamos em idade de formação de caráter e, consequentemente, qual é o tipo de amor que herdamos para distribuir na vida adulta, incluindo nossos companheiros, filhos e até mesmo familiares?
Teria em cada um de nós, ao menos uma faceta deste Félix, rejeitado, carente, magoado, mal amado, mal direcionado ou mal resolvido e consequentemente, vingativo, crítico, maldoso, invejoso e tantas outras coisas mais?
Será que já não estamos crescidinhos o suficiente para não nos atermos nas tramas fictícias de uma simples novela, mas sim nas entrelinhas de cada cena destas e nos darmos conta de que, apesar da ficção, esta possibilidade pode existir aqui, aí ou acolá, mas com pessoas que amamos e que precisam de um outro olhar mais atencioso...mais perspicaz???
Sinceramente?
Eu gostaria que personagens fictícios como o Félix pudessem despertar nas pessoas que acompanham a trama, um olhar mais atento às atitudes e que, tal percepção atingisse o lado interior de cada um...
Assim, quem sabe as novelas não servissem apenas para desencadear modismos, novas expressões coloquiais e populares, etc...etc...etc.... que pudessem, de forma contundente, contribuir para uma nova percepção pessoal, como um espelho, que nos reflete, mesmo de forma invertida, quem realmente somos!!!!